domingo, 29 de julho de 2007

O que falta para escrever minha crônica

Juracy dos Anjos

Como escrever uma crônica? Falar sobre o que quando se tem uma imensidão de assuntos e problemas que podem ser debatidos e questionados em nossa cidade e até mesmo, ou principalmente, em nosso país? Não. A pergunta não é esta, falta o mais importante. Mas o que será? Talvez falte saber a linguagem a ser utilizada. Ou para qual público será feita a crônica. Não sei, acho que isso ainda não responde os meus anseios. Não acredito que seja esta a principal dúvida ainda.

Bem que Rubens Alves falou que escrever doe como se tivéssemos um furúnculo. Esta dúvida sobre o que falta para começar a escrever esta crônica está me matando. Acho que o melhor, assim como para curar os males e dores da vida e física, é parar um pouco e procurar alguma remédio, neste caso descansar a mente. Quem sabe mais tarde quando voltar saberei o que é que está faltando.

Dez minutos depois, após tomar um café quente e fumar cinco cigarros Hollywood, e de abrir a geladeira “n” vezes para buscar sei lá o que, volto à frente da máquina ainda com a maldita dúvida na cabeça: o que falta para começar a escrever esta crônica. Abro a gaveta, ao lado da máquina, e pego uns textos, que me deram menos trabalhos para conceber. Entre eles estão reportagens e contos literários.

Nossa! Este último gênero me lembra uma história bacana para fazer uma crônica. O conto conta, valendo-me da liberdade poética, por isso, não censure a redundância, a história de um garoto que tenta quebrar o tédio do cotidiano com uma viagem de ônibus.

Ele pega uma condução que o leva para o famoso bairro do Pelourinho. Ali na Cruz do Carmo, mas todo mundo conhece na verdade como Cruz Caída. A vista do pôr do solar de lá é linda, quase que perfeita. Já sei, vou escrever minha crônica sobre a Cruz Caída e este menino. Mas a dúvida inicial continua, apesar de saber qual é o assunto que vou falar.

A linguagem já descobri também, vou misturar um pouco dos dois gêneros que gosto de fazer: a literatura e o informativo. O público será todos que se interessem pelo tema.

Mesmo após definir tudo isso me falta algo que não sei explicar o quê, falta a essência, apesar de não acreditar em essencialismo. Assisti um dia uma palestra em que um professor de antropologia dizia que não tínhamos uma personalidade em formato de caroço de abacate, essencialista, mas sim como um repolho, com múltiplas fases.

Acredito nisso. Mas isso não tem nada a ver com a questão que me atormenta.

Meu Deus, o que é uma crônica?

Hum! Boa pergunta.

Um comentário:

Opiniões disse...

Estou fazendo a mesma pergunta. "Como fazer uma crônica?"
Muito legal seu blog.
Beijos da Scheila...